Projeto Mercados Verdes se encerra com ótimos resultados para a sociobiodiversidade da Amazônia brasileira

  agosto 5, 2020

Adevaldo Dias tem muito a comemorar. As vendas do peixe Pirarucu melhoraram bastante nos últimos dois anos. O manejo do pescado faz parte de um produto das cadeias de valor beneficiadas pela Associação dos Produtores Rurais de Carauari (AM) – ASPROC – da qual ele é colaborador. A associação foi uma das participantes do projeto Mercados Verdes, implementado pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ), a agência alemã de cooperação internacional, que deu acesso a produtores do sudeste do Amazonas a estudos de cadeias produtivas, que contemplam a promoção e posicionamento do pirarucu de manejo da região em mercados mais abrangentes.

O maior resultado, segundo ele, foi o desenvolvimento de uma marca coletiva, “Gosto da Amazônia”, que viabilizou um processo de rastreabilidade do produto, além da certificação orgânica, que possibilitou aos consumidores terem mais informações sobre o alimento.

“Isso levou nosso produto a outro patamar. Chegamos a mercados que antes não alcançávamos. Agora conseguimos comunicar ao consumidor os atributos ambientais, de proteção e conservação dos nossos territórios, além da relação justa que o produto agrega às pessoas que fazem seu manejo”, diz Adevaldo.

Só em Carauari, 150 famílias ligadas à cadeia do pescado foram beneficiadas.

O projeto Mercados Verdes e Consumo Sustentável foi finalizado em 16 de julho, e, durante quatro anos, em parceria com a Secretaria de Agricultura Familiar do Ministério da Agricultura, (SAF), fortaleceu agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais, associações, cooperativas e ONGs. Envolveu instituições do Acre, Amazonas, Amapá e Pará, contribuindo para impulsionar o mercado de produtos da Amazônia brasileira, como açaí, castanha-do-brasil, entre outros.

“O projeto possibilitou trabalhar todos os elos e segmentos das principais cadeias de valor da sociobiodiversidade. Mesmo sendo muito voltado ao fortalecimento de mercados, propiciou a criação de novas culturas institucionais e do trabalho conjunto através das câmaras de comercialização, além de uma melhor apropriação de ferramentas por parte dos técnicos de Assistência Técnica e Extensão Rural”, disse Tatiana Balzon, assessora técnica da GIZ.

Geração de renda e proteção da floresta

O crescente desmatamento da floresta amazônica tem sido uma preocupação recorrente no cenário internacional, ação que tem provocado redução da sua biodiversidade e ameaça à sobrevivência dos territórios de comunidades e povos tradicionais. Nesse contexto crítico, o projeto Mercados verdes e Consumo Sustentável impulsionou iniciativas que contribuem para a proteção e conservação da floresta amazônica.

Ao todo foram 120 instituições engajadas e envolvidas, como secretarias estaduais de Educação e Agricultura, redes de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), universidades, cooperativas, associações da agricultura familiar, organizações da sociedade civil, o Ministério da Agricultura e Agropecuária (MAPA), Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) e Embrapa.

Acesse aqui as publicações geradas durante o projeto

 

O fortalecimento da gestão de cooperativas levou cursos de capacitação, desde orientação em contabilidade básica, desenvolvimento de modelos de negócio, a capacitação organizacional e selos de sustentabilidade. Outro elemento a ser destacado no projeto é a questão de gênero. Foram 35 profissionais capacitadas, o que fortaleceu ações de mulheres agricultoras, contribuindo com a geração de renda e formação de novas lideranças. “As mulheres precisam de oportunidades. Agradeço à GIZ, que favoreceu o nosso empoderamento”, disse Elizeth Marques, da Associação Paraense de Apoio às Comunidades Carentes e Rede Jirau, no evento de encerramento do projeto, transmitido virtualmente no dia 16 de julho.

Márcio Menezes, da Rede Maniva de Agroecologia do Amazonas, avalia que a maior contribuição do projeto foi a valorização das marcas orgânicas, mediante ações estratégicas comunicativas. “A articulação GIZ ampliou a oferta e a demanda por orgânicos. O investimento em comunicação, mostra ao consumidor como funciona a cadeia produtiva da castanha-do-brasil, por exemplo. Isso foi um aprendizado, algo determinante para conquistar o público distante dessa causa, que é a agroecologia. É preciso disseminar essa informação, para que chegue nas pessoas”, avalia.

Veja nesse link fotos do projeto

O Brasil estabeleceu a meta de redução total do desmatamento ilegal até 2030, resultado do Acordo de Paris sobre o clima. Desse modo, o IEB entende que campanhas como a da GIZ são cada vez mais necessárias. Parabenizamos nossos parceiros pela iniciativa e cumprimento de um programa que fortalece o consumo sustentável com novos canais de comercialização ecologicamente responsáveis.