Parceiros se unem em Porto Velho (RO) pelo fortalecimento da Rede de Gestão Integrada de Áreas Protegidas do Sul do Amazonas

  outubro 26, 2023

A gestão integrada, que envolve uma colaboração entre diversas partes interessadas, tem se revelado fundamental na proteção e gestão das áreas no sul do Amazonas. Recentemente, um encontro reuniu um conjunto diversificado de organizações da sociedade civil, parceiros, incluindo extrativistas e organizações indígenas, no Centro de Formação da Kanindé, na cidade de Porto Velho, Rondônia, de 17 a 19 de outubro.

O projeto Liga da Floresta tem sido um catalisador para manter essa rede de gestão integrada. Para o Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), um dos participantes, esse projeto representou uma fonte de inspiração, uma vez que permitiu a implementação de diversos planos de ação com resultados visíveis. A coordenadora-executiva do Legado Integrado da Região Amazônica  (Lira)/IPÊ, Neluce Soares, destaca a importância do encontro na promoção do desenvolvimento e proteção dos territórios, bem como na troca de experiências entre os parceiros. “ Percebemos a importância de manter essa rede, porque é um projeto de gestão integrada. Então esse é um projeto que conseguiu manter essa rede integrada. Os resultados superaram as expectativas iniciais, graças ao empenho e esforço das associações envolvidas”, comenta.

“O Liga da Floresta proporcionou para o nosso território as excursões de mapeamento e vigilância onde fizemos o mapeamento de todo o contexto do nosso território, áreas de caça, pesca e extrativismo, o mais importante deste projeto foi o processo de elaboração do nosso PGTA- que orienta o caminho para o Bem Viver do nosso povo. O projeto possibilitou a integração de diferentes atores no nosso território na defesa e proteção, como os agentes ambientais, pesquisadores dos Protocolos de Consulta, técnicos em SIG, e principalmente o espaço que se abriu para as mulheres, na elaboração do PGTA, mas também das excursões, que conseguimos realizar graças ao apoio do Fundo Lira”, afirmou Daiane Tenharim, coordenadora-geral da Associação do Povo Indígena Tenharin Morõgita (APITEM).

Participaram do encontro diversas organizações, incluindo a Organização dos Povos Indígenas do Alto Madeira (OPIAM),  Organização dos Povos Indígenas Parintintin (OPIPAM),  Associação do Povo Indígena Jiahui (APIJ), Associação do Povo Indígena Tenharin do Igarapé Preto (APITIPRE), Associação do Povo Indígena Tenharin Morõgita (APITEM), Organização dos Povos Indígenas Apurinã e Jamamadi de Boca do Acre Amazonas (OPIAJBAM), Organização dos Povos Indígenas Apurinã e Jamamadi (OPIAJ), Federação das Organizações e Comunidades Indígenas do Médio Purus (FOCIMP), Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas do Médio Purus (ATAMP), Associação-Mãe da Resex Canutama (ASARC), Associação dos Moradores de Vista Alegre, Lua Nova e Acamuã (AMOVILA), Associação dos Moradores e Amigos Agroextrativistas da Floresta Estadual de Canutama (AMAFLEC), Associação dos Produtores Agroextrativista da Assembleia de Deus do Rio Ituxí (APADRIT), Instituto Chico Mendes de Conservação da Bioversidade (ICMBio), Instituto de Desenvolvimento Humano, Social e Ambiental – Instituto Desenvolver (ID), Operação Amazônia Nativa (OPAN) e o Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB).

Na foto, equipes do IEB e OPIAJBAM

Um dos aspectos destacados no encontro foi o apoio do projeto à elaboração do Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) da Terra Indígena Camicuã (AM) ressaltada como um marco importante na defesa e proteção deste território pelo cacique, Umanary Apurinã, coordenador-geral da OPIAJBAM: “O projeto Lira vem contribuindo para a construção desse importante instrumento para os povos indígenas”. 

Para Raimundo Falcão, coordenador de campo do Instituto Desenvolver (ID), o encontro foi um momento especial, uma vez que proporcionou apresentar o resultado dos trabalhos do projeto Liga da Floresta como um todo. 

Encontro dos parceiros do Liga propiciou intercâmbio entre atores de diferentes cadeias produtivas

“Nós, especialmente, trabalhamos o fortalecimento da cadeia produtiva do pirarucu, e a gente conseguiu ver o resultado excelente que esse projeto trouxe em fortalecimento a essas cadeias produtivas. O projeto proporcionou não apenas um fortalecimento na organização dessa cadeia produtiva, mas também na estrutura das comunidades que trabalham o manejo do pirarucu, e a gente conseguiu, nesse encontro, levar as associações beneficiadas desse projeto, onde elas próprias puderam falar, representando a sua classe de beneficiário, da importância que esse projeto teve para eles dentro das Unidades de Conservação (UCs), na base, a importância de como esse projeto chegou nas comunidades. Parabéns ao IEB e ao Lira, e principalmente aos beneficiários das nossas unidades de conservação”, explanou Raimundo.

Jesse Rodrigues, membro do Instituto Desenvolver (ID) e presidente da Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas do Médio Purus (ATAMP)- as atividades do Liga da Floresta foram importantes para a regularização da documentação dos pescadores. “O Liga da Floresta abriu as portas. A gente deu início ali em 2020. Esse projeto foi de fundamental importância para o desenvolvimento de atividades do manejo do pirarucu, no qual a gente atua em cinco unidades de conservação (UCs) e trouxe grandes benefícios como compra de equipamentos, atividade pesca e atualização de documentos dos manejadores. Estamos dispostos e abertos para mais oportunidades”.

Parceiros do IEB e FOCIMP no encontro

Cloude Correia, da coordenação do Programa Povos Indígenas do IEB, enfatizou a importância do encontro para fortalecer a rede de gestão integrada no sul do Amazonas. “Essa rede é composta por 18 instituições, incluindo associações indígenas, extrativistas e órgãos governamentais. Além de relembrar as conquistas passadas, o encontro serviu para fazer uma avaliação das ações realizadas e planejar o futuro, considerando as articulações necessárias”, diz.

A rede de colaboração integrada foi enfatizada por seu papel fundamental na proteção e gestão dos territórios no sul do Amazonas e na promoção da incidência política de maneira abrangente. O evento representou, assim, um momento significativo para reflexão sobre o passado, o presente e o futuro desses esforços conjuntos.

O Liga da Floresta faz parte do Legado Integrado da Região Amazônica (LIRA), um arranjo entre o Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), a Fundação Gordon and Betty Moore e o Fundo Amazônia (FAM).