No Amapá, IEB inicia formação para estimular participação de mulheres e jovens no cooperativismo

  setembro 2, 2022

Realizado em parceria com a cooperativa Amazonbai, o primeiro círculo envolveu pessoas do Beira Amazonas e do Bailique

Nivelamento sobre gênero, equidade e uma oficina de comunicação comunitária integraram o primeiro círculo do “Formar Gênero e Sustentabilidade”, realizado entre os dias 25 e 27 de agosto, na comunidade de São João Batista, no distrito do Bailique (AP). A formação integra a estratégia para o engajamento de mulheres e jovens na cooperativa Amazonbai, no Amapá, e faz parte do Programa de Economias Comunitárias Inclusivas.

Cerca de 30 representantes de diferentes comunidades dos territórios do Beira Amazonas e do Bailique foram envolvidos na ação. “Para a Amazonbai, a participação de jovens e mulheres nesta formação é muito importante para que a cooperativa dê continuidade nos seus trabalhos, dentro de um núcleo familiar. Hoje o público que nós temos [as pessoas cooperadas], a maior parte deles já tem mais de 70 anos, então nos preocupa a continuidade dessa participação”, afirma Jaqueline Sanches, assistente de projetos da Amazonbai.

Nós precisamos formar os filhos dos cooperados, precisamos formar outras pessoas jovens, engajar mulheres na cooperativa para que a gente não corra o risco de daqui a 5 ou 10 anos a gente ter um grupo de produtores que já não produz mais. Engajar jovens e mulheres é fundamental também para a qualidade de vida deles dentro do território, para que eles possam permanecer no território e viver da floresta em pé”, complementa Jaqueline.

Jovem residente na Foz do Macacoari, no Beira Amazonas, Maria Lucia (21), trabalha principalmente na pesca do camarão e no manejo do açaí. Para ela, a formação pode ajudar no reconhecimento do trabalho desempenhado pelas mulheres. “Lá na comunidade muita gente tem a mentalidade de que a mulher fica em casa para fazer as coisas de casa. E muitas vezes a mulher está no mato pra ajudar o chefe de família, mas ele vai na frente e depois ele diz que foi tudo ele”, reflete Maria.

Maria Lucia pesca camarão e maneja açaí na Foz do Macacoari, no Beira Amazonas (Amapá)

 

Lá tem mulher que não tem marido, sabe? Elas têm que ganhar o próprio dinheiro delas. Entrando na cooperativa ela vai saber manejar o açaí para uma melhor produção e ter mais renda pra ela, né?”, finaliza a jovem.

Maria Lucia, 21 anos

Diretor da Amazonbai, Amiraldo Picanço afirma que esse tipo de iniciativa fortalece a organização social local. “Esse trabalho que estamos fazendo no território, com as mulheres e com os jovens, é uma questão de empoderamento, questão de trazer essas mulheres para dentro do movimento, para se tornarem as novas lideranças do território, assumirem a gestão da cooperativa e de outras entidades do Bailique e do Beira Amazonas”, pontua.

Primeiro círculo do Formar Gênero e Sustentabilidade, realizado entre os dias 25 a 27 de agosto, na comunidade São João Batista, no Bailique (AP)

Morador da comunidade de São João Batista, técnico da Associação das Comunidades Tradicionais do Bailique (ACTB) e um dos participantes da formação, Diogo Barbosa (33) avalia positivamente a formação. “As pessoas que ali estavam começaram a ter uma nova visão sobre o que pensar das mulheres e dos adolescentes em termos de oportunidades. Talvez a oficina possa ter servido para abrir a mentalidade de algumas pessoas”, conclui.

Outras agendas

No dia 30 de agosto, em parceria com a Universidade do Estado do Amapá (Ueap), o IEB promoveu o lançamento de publicações que abordam comunidades tradicionais da Amazônia Amapaense.

O Instituto apresentou o segundo volume do livro “Receitas da Culinária agroextrativista”, obra que reúne dez receitas elaboradas por mulheres da Cozinha Coletiva do Beira Amazonas (AP). O livro é fruto do trabalho em rede entre o IEB e as Associações da Escola Família Agroecológica do Macacoari (AEFAM) e de Moradores Agricultores Familiares da Comunidade de Rio Bacaba (Agrobacaba). A construção coletiva também contou com a parceria da UEAP, da Amazonbai e das organizações que integram o Programa Economias Comunitárias do Amapá.

Representantes da cozinha coletiva fizeram a degustação de algumas das receitas do livro durante o lançamento, que contou com representantes de organizações da sociedade civil, comunidade acadêmica, Fundo JBS pela Amazônia e outros parceiros como InterElos, Terroá, ACTB, CAMAP, entre outros.

Nos dias 30 e 31 de agosto, o IEB participou do encontro entre parceiros do Programa Economias Comunitárias do Amapá para avaliação e alinhamento de metas. A reunião contou com representantes do Instituto InterElos, da Amazonbai, da Universidade do Estado do Amapá, do Instituto Terroá, da ACTB e do Fundo JBS pela Amazônia.