Manejo sustentável realizado pelas comunidades indígenas é alternativa para equilíbrio ecológico e preservação das florestas

  março 21, 2019

Enfrentar o alto de índice de desmatamento e garantir a preservação das florestas passa necessariamente pela criação de alternativas de manejo sustentável construídas em parceira com as comunidades locais. Essas iniciativas, alvos do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), promovem também o desenvolvimento regional garantindo qualidade de vida para as populações locais.

Uma das ações é o mapeamento das castanheiras, que são localizadas, registradas, georreferenciadas e têm sua saúde avaliada – atividade que chega a monitorar mais de 500 árvores. Em janeiro, o IEB participou do mapeamento de castanhais, na TI Nove de Janeiro, habitada pelo povo Parintintin, realizado como parte de um dos módulos de formação de agentes ambientais indígenas. A ação, que reuniu técnicos, jovens, lideranças indígenas e o IEB, envolveu o mapeamento de três pontas de castanhal, localizadas nas aldeias Traíra e Pupunha, no município de Humaitá, estado do Amazonas.

Identificação das castanheiras

Como parte da metodologia, as árvores são georreferenciadas com o uso de GPS, têm sua circunferência medida a uma altura de 1,3m e as copas são avaliadas para determinar a quantidade de frutos, sendo classificadas em três categorias: perfeita, tolerável ou pobre. Outra variável medida é a altura das árvores em relação à floresta. A saúde da árvore passa pela avaliação do tronco, se tem cipós, cupins, fungos etc. Finalmente, é mensurada a quantidade de castanhas – medidas em latas de cerca de 18 litros.

“Essa atividade é importante para a conservação do meio ambiente. Para coletar a castanha, é preciso manter essas áreas preservadas. Esse é só o começo. Com a ajuda dos nossos parceiros, como o IEB, pretendemos mapear todos os castanhais da Terra Indígena”, disse Thiago Castellano, indígena parintintin que acompanhou o mapeamento.

Antes do mapeamento, as famílias dos castanheiros sequer podiam precisar a quantidade de árvores em cada uma das áreas. Mas, com os dados levantados, é possível identificar quais árvores são matrizes (de grande porte e copa perfeita, o que resulta em grande quantidade de frutos produzidos) e analisar quais delas têm potencial para produção de mudas, a serem utilizadas no enriquecimento da floresta ou na recuperação de áreas degradadas.

Os mapeamentos e a preservação da floresta

A metodologia dos mapeamentos será aprimorada a partir da implantação do Sistema de Informação Geográfica (SIG), que qualificará e analisará os dados coletados. A iniciativa permitirá o monitoramento do desmatamento nas terras indígenas contempladas pelo projeto Gestão Territorial Indígena no Sul do Amazonas.

Deslocamento para o castanhal Pedral com os agentes ambientais, jovens e lideranças indígenas.

O SIG contribui para o controle territorial e proteção dos recursos naturais imprescindíveis ao bem viver dos povos indígenas na região. O sistema será instalado nas sedes das associações indígenas parceiras e alimentado com dados oficiais de desmatamento.

O projeto Gestão Territorial Indígena no Sul do Amazonas tem como principal objetivo fortalecer a gestão territorial e ambiental das terras indígenas na região por meio da geração de alternativas econômicas sustentáveis, da proteção territorial, da recuperação ambiental e do fortalecimento dos modos de vida tradicional para a redução do desmatamento e o equilíbrio do clima. O projeto vem sendo executado desde dezembro/16 e tem apoio do Fundo Amazônia.