IEB reúne parceiros para modelar uma formação personalizada para a cadeia do Baru

  março 14, 2024

Formar Baru reunirá produtores, extrativistas, quilombolas gestores públicos, academia e sociedade civil organizada em formação continuada de dois anos

Em colaboração com a Associação Quilombo Kalunga (AQK) e a CooperFrutos de Alto Paraíso, e com a participação de extrativistas, quilombolas, agricultores, pesquisadores e parceiros da região da Chapada dos Veadeiros, o IEB realizou nos dias 12 e 13 de março, em Brasília, a Oficina de Modelagem do Programa de Formação em Cadeias de Valor Sustentáveis e Inclusivas do Cerrado, o Formar Baru. O programa está sendo realizado com o apoio do Global Environment Facility (GEF) e do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO).

O objetivo do encontro foi desenhar, de forma participativa, o processo de formação continuada do projeto Baru da Chapada, que será implementado ao longo dos próximos 24 meses. Além da AQK e da CooperFrutos, estiveram presentes também como convidados, contribuindo com a elaboração da Formação, o Instituto Sociedade População e Natureza (ISPN) e a Embrapa Cenargem.

A proposta elaborada de forma colaborativa resultou na consolidação de um programa de formação continuada, estruturado em seis módulos presenciais, alternados com atividades intermodulares, também chamadas de “tempo comunidade”, onde os cursistas irão implementar projetos de pesquisa-ação relacionados ao tema do módulo anterior em seus territórios. 

Sempre priorizando o respeito e a valorização dos saberes tradicionais das comunidades do Cerrado, os temas abordados foram discutidos pelos próprios participantes do programa. Isso incluiu boas práticas de manejo do Baru, seu beneficiamento, comercialização, além de gestão de negócios comunitários, repartição de benefícios econômicos, entre outros.

Andreia Bavaresco, coordenadora executiva do IEB, reforçou:

“E por que nós, do IEB, não trouxemos uma ementa pronta para começar a executar a formação imediatamente? Por que reunir tantas pessoas para discutir a modelagem? Porque a eficácia está justamente nessa abordagem colaborativa, que permite a integração de diversas ideias e visões, levando em consideração as reais demandas e necessidades das comunidades envolvidas, O que enriquece profundamente o processo.” 

Esta jornada educativa, mediada pelo IEB, será conduzida em conjunto com os próprios participantes em seus territórios, alcançando assentamentos da reforma agrária, comunidades rurais, territórios quilombolas, gestores públicos e parceiros da sociedade civil em Alto Paraíso, Monte Alegre, Cavalcante e Teresina de Goiás.

Os participantes dos processos de formação desempenharão o papel tanto de estudantes, quanto de educadores, contribuindo para a disseminação do conhecimento adquirido e o fortalecimento do tecido social das comunidades. Produzir materiais a partir dos saberes locais é um ato de resistência, uma maneira de preservar e valorizar a cultura e os conhecimentos tradicionais das comunidades do Cerrado.


Del Rezende, professora da Escola do Sertão, agricultora extrativista e pesquisadora cerratense, defendeu em sua fala:

“A população, especialmente a população do campo, é gestora ambiental e deve ser considerada e respeitada como tal. Por mais rica que seja a academia, ela não consegue abranger todo o conhecimento necessário, e é essencial valorizar o conhecimento do cidadão do campo, aquele que reside e conhece profundamente o seu pedaço de chão.” 

Assim, alinhado com os princípios do IEB, o programa de formação irá fornecer elementos, recursos e ferramentas para incentivar as comunidades locais a defenderem seus interesses de forma eficaz, apoiando a formação de lideranças e produtores que possam retornar aos seus territórios, multiplicar conhecimentos e promover transformações positivas em suas comunidades.

Nesse sentido, a etapa de Modelagem de processos formativos é fundamental para assegurar que o programa de formação atenda aos pilares do Projeto, mas principalmente às reais demandas e necessidades das comunidades envolvidas.

Fotos e texto: Camila Behrens