Agroextrativistas do Amapá realizam 6º círculo formativo sobre gênero e gestão de empreendimentos comunitários

  dezembro 20, 2023

Evento faz parte do Formar Gênero e Gestão de Empreendimentos comunitários, desenvolvido principalmente com mulheres e jovens

Com objetivo de fortalecer capacidades de organizações comunitárias que trabalham com produtos da sociobiodiversidade, para inclusão socioprodutiva e com participação ativa de mulheres e jovens, o Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) implementa o “Formar Gênero e Gestão de Empreendimentos Comunitários” com mulheres, homens e jovens agroextrativistas do Amapá.

São pessoas e organizações que trabalham com produção de açaí, buriti e cupuaçu, produção de polpas de outras frutas, farinhas de mandioca e tapioca, biocosméticos feitos a partir de andiroba, copaíba, pracaxi, etc., além de alimentos, biojóias, pesca e criação de animais de pequeno porte.

Foto: Acervo IEB

O Formar Gênero e Gestão de Empreendimentos Comunitários é desenvolvido pelo IEB, no âmbito do Programa Economias Comunitárias Inclusivas, do Fundo JBS pela Amazônia (FJBS), e também do projeto “Semeando a Sustentabilidade”, coordenado pelo IEB, com investimentos do FJBS e da Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA) e parceria institucional do Aliança Bioversity, da Cooperativa dos Produtores Agroextrativistas do Bailique e Beira Amazonas (Amazonbai) e na Universidade do Estado do Amapá (UEAP).

A formação envolve práticas educativas com base na Pedagogia da Alternância e na Pedagogia da Autonomia, conforme Paulo Freire, a partir do reconhecimento dos saberes locais, de modo a fortalecer os conteúdos trazidos pelos sujeitos e articulando com a teoria, visando uma problematização da realidade e reflexão a partir dos conhecimentos técnico-científicos sobre temáticas que giram em torno do manejo de ecossistemas florestais no território.

Foto: Acervo IEB

Boas práticas de produção

Entre os dias 5 e 7 de dezembro de 2023, foi realizado o 6º círculo formativo, dessa vez sobre boas práticas de produção e planejamento de ações de comunicação. O encontro foi realizado no campus I da UEAP, em Macapá.

Na primeira parte, a nutricionista Juliana Licio facilitou oficina de boas práticas de produção de alimentos, com objetivo capacitar os participantes nas práticas sustentáveis e agroextrativistas na culinária, promovendo a conscientização sobre a importância da sazonalidade, valorização de ingredientes locais e técnicas de preparo que minimizam os danos socioambientais.

“Em um mundo que anseia por conexões mais profundas com a terra e com os alimentos, as boas práticas na culinária extrativista transcendem o ato de cozinhar; são uma expressão de respeito à natureza, às tradições e à saúde coletiva”, comenta Juliana Licio, que também destacou a atividade formativa como um momento de “valorização dos ingredientes e alimentos locais, com ênfase à importância de se fortalecer a economia local e, consequentemente, valorizar também os sistemas alimentares locais para que estes sejam sustentáveis, saudáveis e promotores da saúde”.

Educadora Juliana Licio na atividade prática de produção de alimentos. Foto: Acervo IEB

Foram cerca de 40 participantes que receberam conteúdos teóricos e fizeram exercícios práticos, durante três dias, na Sala Verde, espaço de atividades socioambientais na UEAP. Uma das participantes foi Arlete Leal, da comunidade Alto Araguari, do município de Porto Grande (AP): “Aprendi receitas novas, como bolo de açaí, de jerimum com macaxeira, receitas que podemos fazer com produtos naturais da nossa própria comunidade, sem usar ingredientes industrializados”.

Comunicação

O planejamento de ações de comunicação e visibilidade foi outro tema abordado durante este círculo formativo, explorando técnicas de sistematização de informações, reflexão sobre os públicos dos empreendimentos e organizações comunitárias, além de planejar ações de comunicação a serem realizadas. A oficina de comunicação, facilitada pelo jornalista e assessor de comunicação do IEB Raphael Castro, também contou com uma prática de fotografia utilizando o celular.

“Essas formações são importantes até pra gente ter coragem de falar. Se a gente tiver mais formação, mais oportunidades, a gente vai chegar nos espaços e vai conseguir debater, dizer o que a gente quer, sem ter vergonha. Não é que a gente não saiba falar, é que muitas vezes a gente acredita só o outro que sabe. Uma mulher falando vai ser só uma mulher falando. Duas mulheres ou três vão ser mais fortes. Se a gente se organizar, a gente vai ganhar força”, avalia a extrativista produtora de açaí Sara da Silva, da comunidade Jaburu Grande, do arquipélago do Bailique, no Amapá.

Arlete da Silva (gesticulando). Foto: Acervo IEB

Próximas ações

O sétimo e último círculo formativo do Formar Gênero e Gestão de Empreendimentos Comunitários será realizado em fevereiro de 2024 e vai abordar o fortalecimento do empreendedorismo comunitário. Na ocasião, também será realizado o evento de culminância da formação, com entrega de certificados das educandas e debate com atores locais