Fundo Amazônia visita projeto SulAm Indígena no Sul do Amazonas

  dezembro 12, 2019

O Fundo Amazônia (FAM) esteve na Terra Indígena Nove de Janeiro, aldeia Traíra, povo Parintintin, no dia 18 de novembro, para conhecer as ações desenvolvidas pelo projeto SulAm Indígena: apoio a gestão territorial indígena no Sul do Amazonas. “Sejam bem-vindos, grandes parceiros”. “Vocês estão nos ajudando a construir um grande futuro”, eram palavras presentes em cartazes na recepção às gestoras do Fundo.

O objetivo do encontro foi conhecer o trabalho de formação dos agentes ambientais indígenas, as ações de apoio à produção, mapeamento dos castanhais, recuperação de áreas degradadas e monitoramento do desmatamento.

A OPIPAM (Organização do Povo Parintintin do Amazonas) conduz as ações juntamente com o IEB e com mais cinco associações indígenas parceiras, a APIJ (Associação do Povo Indígena Jiahui), a OPIAJBAM (Organização dos Povos Indígenas Apurinã e Jamamadi de Boca do Acre-AM), a OPIAJ (Organização dos Povos Indígenas Apurinã e Jamamadi), a APITIPRE (Associação do Povo Tenharin do Igarapé Preto) e a FOCIMP (Federação das Organizações e Comunidades Indígenas do Médio Purus), em oito Terras Indígenas beneficiárias pelo projeto: TI Km 124 e TI Apurinã, em Boca do Acre, TI Água Preta/Inari em Pauini, TI Caititu em Lábrea e TI’s Nove de Janeiro, Ipixuna, Jiahui e Igarapé Preto em Humaitá; todos municípios amazonenses.

Ana Paula de Aquino, do Departamento de Gestão do Fundo Amazônia do BNDES e Isabela Chan, gerente do Departamento de Meio Ambiente e Gestão do Fundo Amazônia do BNDES, foram recebidas com canto, dança e café-da-manhã tradicional local – macaxeira, pé de moleque, tapioca e chá -, acompanharam mutirões de SAF’s (Sistemas Agroflorestais)  e conheceram as atividades realizadas desde que a parceria foi estabelecida.

“Se a gente faz uma recepção dessas, é porque o resultado do programa está sendo positivo no nosso território. A gente fica muito feliz em ver vocês aqui com a gente. Estamos apenas começando, só terminamos a primeira parte. Tudo o que é feito com luta, seriedade e responsabilidade, dá certo. E o IEB é um parceiro sério, responsável. Não tem chuva, não tem sol: eles estão aqui. Isso é comprometimento. E as coisas só dão certo quando construídas participativamente. Contem conosco”, disse Raimundinho Parintintin, coordenador da OPIPAM, ao Fundo Amazônia.

Ainda que o IEB trabalhe há 10 anos em processos de formação com organizações indígenas, o programa financiado pelo FAM inaugurou um trabalho “pé no chão” da instituição.

“O DNA de nosso trabalho é a formação, mas esse programa consolida uma relação de parceria com essas associações e com as terras indígenas, onde nenhuma decisão é tomada sem eles. Juntos, implementamos ações de proteção territorial, gestão ambiental e etnodesenvolvimento, tudo dentro do marco da PNGATI (Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial em Terras Indígenas)”, explica Sara Gaia, antropóloga e assessora do Programa Povos Indígenas do IEB.

“Tudo foi pensado em conjunto e para o bem viver dessas populações, mas fundamentado num processo formativo crítico dos agentes ambientais. Eles não são “fazedores de coisas”. São agentes críticos mobilizadores e multiplicadores deste conhecimento em suas terras”, diz a antropóloga.

Parceria de resultados

Após a recepção cultural, a equipe do FAM foi levada para a área onde estava sendo realizado o 2º mutirão de implantação de um Sistema Agroflorestal (SAF), com a participação de agentes ambientais, lideranças, anciãos, jovens indígenas e alunos da Escola Municipal Kwatijariga, além da coordenação da OPIPAM e os técnicos de campo do IEB de Humaitá.

Em 0,32 hectares, desde 2018 a comunidade vem plantando e cultivando espécies florestais, frutíferas e agrícolas que garantem a riqueza do solo, a geração de renda e a segurança alimentar local: castanha-da-amazônia, ipê, mogno, cacau, biribá, goiaba, caju, graviola, açaí nativo, pupunha, ingá, laranja, limão, tangerina, coco, urucum, abacaxi, banana, macaxeira, mamão, melancia, abobora, manjericão e erva cidreira.

(Os SAF’s otimizam o uso da terra, restauram florestas e recuperam áreas degradadas. Ao contrário da monocultura, árvores exóticas ou nativas são consorciadas com culturas agrícolas, conciliando a preservação ambiental com a produção de alimentos).

Depois de plantarem mudas de ipê para simbolizarem a parceria, Ana Paula e Isabela conheceram a sede da OPIPAM, onde entenderam o SIG (Sistema de Informação Geográfica), equipamento tecnológico usado pelos agentes ambientais para a vigilância do território e mapeamento da produção de açaí e castanha.

O encontro terminou com um almoço junto aos caciques das aldeias Traíra e Pupunha, onde conversaram sobre as ações do projeto, que segue em curso até  2020.