Oficina com jovens faz levantamento da cultura e língua originária de povos indígenas em Pauiní

  março 28, 2019

A situação da cultura e da saúde da língua originária é uma preocupação presente no contexto dos povos indígenas de Pauiní com quem a Organização dos Povos Indígenas Apurinã e Jamamadi (Opiaj) trabalha. Por conta disso, a entidade organizou uma oficina de levantamento da situação da língua da família Maipure-Aruak, que se encontra ameaçada devido ao cenário de pressão territorial e ambiental que impacta os modos de vida tradicionais Apurinã na região do Médio Purus.

A atividade é parte de um projeto elaborado e gerido pela própria associação indígena no âmbito do Projeto Nossa Terra: Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas do Sul do Amazonas, implementado pelo Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) e pela Operação Amazônia Nativa (OPAN) com apoio da USAID, em parceria com as principais organizações indígenas do Sul do Amazonas, com a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

A oficina formou jovens em metodologias participativas para serem replicadas nas aldeias representadas pela OPIAJ, visando a realização de um diagnóstico da situação da língua e de saberes e práticas tradicionais. Através da Gerência de Estudantes Indígenas (GEIP) foram selecionadas 12 pessoas, divididas em em duas equipes compostas por estudantes, professores e coordenadores da Opiaj que realizaram o trabalho de maneira concomitante.

“O primeiro ponto importante dessa atividade com os jovens foi a formação e orientação sobre o que é ser pesquisador. O segundo foi exercitar com as aldeias uma reflexão sobre a situação da língua materna, sensibilizando-os a partir da imagem de um mapa construído com os jovens”. disse Wallace Apurinã, coordenador-executivo da Opiaj.

Ele explicou que isso permitiu apresentar também a situação da manifestação cultural e ambiental nas aldeias que estão diretamente ligadas à vida dos jovens enquanto povo. “Como resultado, os pesquisadores e aldeias onde o trabalho foi realizado perceberam que é urgente e necessário fazer um trabalho de revitalização cultural”, completou.

A primeira equipe pesquisou a região do Purus de Cima, nas aldeias Jagunço II, Xamakirí, Boa União, Vera Cruz, Nova Floresta e Cachoeira. A segunda equipe pesquisou as aldeias Karuá, Bom Jesus, Penedo, Kakuri, São Jerônimo, Kamarapu, Atuktxi e Mipiri. As aldeias foram selecionadas considerando dois critérios: as aldeias classificadas entre as “quase não falam”, “falam pouco” e “falam bastante” e a sua população.

A equipe contou com um professor indígena, que participou da formação inicial e integra o Grupo de Trabalho para elaboração de um documento orientador da política educacional e linguística indígena de Pauini. Esse documento é complementar ao que as organizações vêm realizando na região, no sentido de atender as reivindicações das próprias populações indígenas da região.

Nossa Terra

Dezessete projetos comunitários foram selecionados para apoiar a implementação da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI) no Sul do Amazonas. O objetivo é promover a melhoria na qualidade de vida dos indígenas que formam a base da FOCIMP, OPIAJ, OPIAJBAM, APITIPRE, APIJ, APITEM e OPIPAM, das calhas dos rios Purus e Madeira.

O objetivo do Programa de Pequenos Projetos é apoiar financeira e tecnicamente o esforço que já vem sendo realizado pelas organizações e povos indígenas locais. Também tem como objetivo especifico aumentar a implementação da PNGATI na região por meio do fortalecimento das organizações indígenas, construindo os conhecimentos e as habilidades necessárias para escrever e gerenciar com sucesso projetos que realizem ações ligadas aos sete eixos temáticos da PNGATI. Saiba mais aqui.