Nurit Bensusan e IEB Mil Folhas lançam livro “Do que é Feito o Encontro”

  dezembro 3, 2019

Por Clarissa Beretz

Ela se diz uma “ex-humana”, já que “diante dos descalabros da nossa espécie”, desistiu, e agora quer se tornar uma libélula, “mas continuar bióloga e seguir escrevendo, criando jogos e inventando moda”.

Nurit Bensusan acaba de escrever mais um livro: “Do que é feito o Encontro”, lançado em Brasília no dia 21/11 no Cobogó Mercado de Objetos, onde cerca de 70 pessoas passaram para cumprimentar a autora e adquirir um exemplar da obra, além de conferir outras publicações da Mil Folhas.

Bióloga, Ecóloga, Assessora do Programa de Políticas e Direitos Socioambientais do Instituto Socioambiental (ISA), ela assina o blog Planeta Bárbaro e já publicou sete livros, quatro deles pela Editora Mil Folhas: “A Diversidade Cabe na Unidade?”, “Histórias de Paisagens e uma Biografia”, e “Biodiversidade: tesouro real ou maldição tropical?”, além da referida publicação.

Em “Do que é feito o Encontro”, Nurit faz reflexões acumuladas ao longo dos anos de trabalho. Compartilha angústias e opiniões na esperança de “abrir uma janela para fora da nossa emparedada forma de viver”. Discorre sobre a relação dos não-indígenas com os conhecimentos dos povos originários e das comunidades locais a partir de cinco ensaios.

O primeiro é uma conversa sobre algumas das consequências de se chamar os conhecimentos desses povos de “conhecimento tradicional”. O segundo trata dos efeitos que os avanços biotecnológicos possuem sobre esses conhecimentos. O terceiro examina e problematiza alguns casos de acesso ao conhecimento medicinal e alimentar dos povos nativos. O quarto é uma visita dialogada ao Royal Museum de Alberta, onde, além das conversas, Nurit compartilha com a leitora e o leitor algumas de suas reflexões sobre os temas apresentados. (O museu trata inclusive da presença dos povos nativos do Canadá na província de Alberta).

Por fim, o livro traz uma troca de cartas entre Bensusan e o amigo Ailton Krenak, líder indígena, ambientalista e escritor; o que, segundo Maria José Gontijo, idealizadora da editora Mil Folhas, foi determinante para a publicação da obra.

“Li várias partes do livro enquanto Nurit estava no Canadá. Tive a certeza que deveríamos publicá-lo quando li a carta que ela escreveu pro Ailton. Fiquei emocionada. Então no meu caso, “o encontro” se deu através dessa carta, e foi decisivo para essa realização”, conta Gontijo.

“Plantas, bichos e gente atravessando continentes numa incessante mistura que atravessa as experiências de vida e reprodução das culturas. Monoculturas ameaçam a diversidade da vida. E Nurit nos relembra que o possível encontro sempre protelado entre nós pode ainda acontecer em outro lugar, entre o ponto de minha partida e o lugar deste OUTRO, sempre possível (…). Um convite a novas visões sobreo eterno retorno do encontro, este que se instala entre nós a cada sol que inaugura o dia”, escreveu Krenak.

Algumas reflexões expressas no livro são parte de um projeto de pesquisa realizado no Laboratório da Ciência e da Técnica do Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília.

Do que é feito o encontro está disponível para a venda no site da livraria Mil Folhas a R$30,00.

Assista ao vídeo em que a autora falou sobre o livro, no dia de seu lançamento.