NOTA DE REPÚDIO COIAB| Sede das mulheres Munduruku é depredada

  março 25, 2021

Os conflitos provocados pelo garimpo no sudoeste do Pará ganharam um novo episódio: a sede da Associação das Mulheres Munduruku Wakoborũn, em Jacareacanga, PA, foi vandalizada hoje, 25/03, a mando de garimpeiros criminosos que atuam na região.

Os vândalos entraram no escritório da associação e queimaram documentos, quebraram vidros, rasgaram quadros e cartazes, picharam a fachada do local e danificaram mesas, cadeiras e ventiladores, além de mostruários com peças de artesanato. As fotos mostram que o escritório ficou inutilizável. Não há relatos de feridos ou mortos.

A violência ocorreu logo após um protesto chamado por garimpeiros, que fizeram ainda ameaças de morte às mulheres que se opõem a essa atividade econômica.

A sede tinha ocupação recente – foi alugada em dezembro de 2020 – e era utilizada para o atendimento de caciques, cacicas, lideranças, guerreiras e guerreiros. Outras organizações que também utilizavam aquele espaço eram a Associação Da’uk, a Associação Arikico, o Movimento Munduruku Ipereg Ayu e o CIMAT.

Em comunicado, a Associação das Mulheres Munduruku Wakoborũn relata que essa tragédia foi anunciada diversas vezes pelos defensores do garimpo. Denúncias foram feitas para resguardar a integridade física das mulheres Munduruku, mas o poder público local não tomou nenhuma providência nesse sentido.

“Estamos gritando há dias, pedindo para que as forças policiais ajam sobre esse grupo de criminosos que querem devastar nosso território e que ameaçam a nossa própria vida e integridade”, diz o comunicado.

A COIAB se solidariza com a Associação das Mulheres Munduruku Wakoborũn, assim como com as demais organizações, e exige medidas efetivas e rápida apuração do governo em razão dos prejuízos financeiros e danos psicológicos causados aos nossos parentes Munduruku nesta quinta-feira.

Manaus, Amazonas, 25 de março de 2021.

Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB)

*O IEB repercute essa nota também como um gesto de solidariedade às mulheres Munduruku e em apoio aos pedidos da instituição parceira, COIAB.