Mutirão na aldeia indígena Pupunha encerra primeira fase de plano de ação para gerar renda e segurança alimentar à comunidade

  janeiro 29, 2020
Fotos: Derick Farias

 

No terceiro mutirão de implantação de um Sistema Agroflorestal (SAF) na aldeia indígena Pupunha (na Terra Indígena Nove de Janeiro, em Humaitá, AM), a comunidade Parintintin botou a mão na massa e em três dias preparou a terra e plantou espécies florestais, frutíferas e agrícolas, como a castanha-do-brasil, ipê, mogno, cacau, biriba, goiaba, caju, graviola, açaí nativo, pupunha, ingá, coco, urucum, abacaxi, banana, macaxeira entre muitas outras.

O mutirão aconteceu dos dias 21 a 23 de janeiro, e contou com a participação de três agentes ambientais da aldeia, quatro lideranças, sete jovens e os técnicos de campo do IEB de Humaitá.

A ação faz parte da última etapa realizada na Terra Indígena Nove de Janeiro, dentro do que foi previsto como implementação do Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) definido pelo povo indígena Parintintin, para promover a segurança alimentar, geração de renda e o bem viver dessas famílias.

“Cada dia aprendo mais com as oficinas e o acompanhamento desse trabalho que o IEB vem trazendo, desde a formação de agente ambiental, todas as atividades me trouxeram muito conhecimento, esse desenvolvimento é muito importante pra gente”, declarou o agente ambiental indígena Valnei Parintintin, um dos participantes do mutirão.

No primeiro dia foi realizada a escolha e limpeza da área onde seria implantado o Sistema Agroflorestal, aproximadamente 0,2 hectares.

O local escolhido foi a área de dois moradores da aldeia, o casal Moisés Moraes e Daniele Parintintin. O terreno é recoberto por capim brachiara, e os indígenas usaram duas roçadeiras para limpeza do solo, sem o uso de fogo, no intuito de não eliminar os microrganismos presentes na terra, agentes decompositores do material orgânico.

 

“Quero plantar em tudo aqui pra que esse projeto e a nossa comunidade seja um espelho, pra que a gente possa tirar daqui a nossa alimentação saudável. A terra parada não serve pra nada, mas se a gente plantar, algum dia, vai colher”, disse Moisés.

No segundo dia foi realizado o piqueteamento das leiras e aragem do solo com auxílio do monocultivador (ferramenta para afofar a terra e facilitar a infiltração da água no solo), para melhor desenvolvimento das raízes e, consequentemente, das plantas.

No último dia, foi realizada a abertura das covas e plantios das espécies.

“Os mutirões de SAF possibilitam o envolvimento dos jovens e crianças no trabalho com a terra, despertam a curiosidade em trabalhar o solo, com a essência e com a ideia de que “se eu plantar hoje, vou colher amanhã”. O mais importante é que os produtos dos SAF’s são para segurança alimentar dessas famílias, e o excedente poderá ser negociado junto às políticas públicas voltadas para a merenda escolar das escolas das aldeias”, explica Derick Farias, assistente de campo do IEB em Humaitá.

O primeiro e o segundo mutirões foram realizados na aldeia Traíra, (em dezembro de de 2018 e em novembro de 2019, respectivamente).

A atividade de implantação de SAF’s no sul do Amazonas pelo projeto firmado com o BNDES contempla três mutirões de SAF’s em cada Terra Indígena. Estão participando as TI’s Ipixuna, Nove de Janeiro e Jiahui, todas no município de Humaitá. Também participam as TI’s Apurinã – do Km 124, e Boca do Acre – ambas no município de Boca do Acre (AM), além da TI Catitu, no município de Lábrea, (AM).

(Fotos e texto base: Derick Farias)