IEB e CIR promoveram oficina sobre a cadeia produtiva do café da Terra Indígena Mangueira em Roraima

  dezembro 7, 2022

Assessorias de comunicação CIR e IEB

O IEB participou junto com o Conselho Indígena de Roraima (CIR) entre os dias 29 de novembro a 1° de dezembro, em Boa Vista de uma oficina para a promoção da Cadeia Produtiva do Café, da Terra Indígena Mangueira, região Tabaio, município de Alto Alegre, onde participaram cerca de 30 pessoas entre lideranças, mulheres, crianças e jovens. O objetivo do encontro foi o de fortalecer essa Cadeia Produtiva, além de estudar de qual maneira o produto pode chegar no mercado com o selo indígena. A promoção da cadeia produção do café é uma iniciativa do CIR, em parceria com o IEB, no âmbito do projeto Bem Viver.

A Terra Indígena Mangueira, onde vivem os povos Macuxi, Sapará e Wapichana, há mais de 30 anos trabalha com café orgânico e sustentável.  Assim, os debates no encontro giraram em torno de modelos de desenvolvimento e sobre a produção sustentável em Terras Indígenas, diagnóstico da produção e calendário sazonal valorizando os produtos indígenas e seus respectivos potenciais ambientais, culturais, medicinais, sociais e econômicos, além de mapeamento dos gargalos e fortalezas dos elos da Cadeia de Valor do Café indígena, que perpassa a organização para produção, cultivo, colheita, beneficiamento, comercialização. 

“A gente concebeu um plano de ensino muito voltado para que a comunidade pudesse entender como se dá os diferentes elos de uma cadeia de valor, isso faz parte do triângulo da gestão territorial e ambiental, que passa pela geração de renda e produção sustentável, que é um dos grandes pilares que garante segurança alimentar e de renda para as comunidades. Discutimos também o valor cultural, medicinal, ambiental e social para além do valor econômico, a importância dele manter os modos de vida tradicionais, buscando mercado, melhorando o produto, boas práticas de manejo, além de unir a comunidade e também promover a geração de renda”, comentou Andréia Bavaresco, coordenadora técnica do IEB.

Na ocasião, grupos de trabalho foram divididos onde cada um pôde mapear os desafios e potencialidades de um elo, depois os grupos foram convidados a realizarem uma apresentação em plenária e complementação a partir do debate, dentre outras discussões.

foto: Márcia Fernandes (CIR)

“Nós, do IEB, ficamos muito felizes em contribuir nessa etapa de fortalecimento do trabalho desenvolvido há 30 anos pelos indígenas da TI Mangueira, com a produção, beneficiamento e comercialização do café. Aceitamos de pronto, e com muita honra, o convite do CIR para condução metodológica da oficina, por ter muita clareza que esse percurso de implementação do PGTA – da TI mangueira – favorece o planejamento coletivo e o diálogo intergeracional. Ficamos todos/as muito satisfeitos com o resultado que se desdobrou num plano de ação com 16 metas a serem cumpridas nos próximos anos, para alavancar o café indígena da forma que os indígenas optarem”, comentou sobre o encontro Bianca Ferreira, analista socioambiental do Programa Cerrado do IEB.

O CIR vem apoiando as ações do cafezal, desde a colheita, com oficinas, discutindo a importância de colocar o café no mercado, mas antes para a própria comunidade. A Terra Indígena Mangueira possui o Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) construído pelos próprios indígenas, com apoio do DGTA e uma das implementações do PGTA, foi essa oficina para promoção da cadeia produtiva do café.

“São famílias que trabalham com o café na Terra Indígena Mangueira, que hoje busca o norte de como colocar esse café no mercado. Estudamos sobre a cadeia produtiva do café, além de como isso pode chegar no mercado com o selo da comunidade indígena Mangueira, com histórico desse café. Parte dessas famílias estiveram na oficina, os resultados foram positivos”, explicou a coordenadora do DGTA, Sineia do Vale, do povo Wapichana.

foto: Márcia Fernandes (CIR)

Terezinha Augustinho, do povo Macuxi, é uma das produtoras do café Kuinan, que significa a união das saúvas e esteve participando do seminário. Para ela, o projeto café tem acarretado um grande potencial para a comunidade.  São 130 pessoas e 28 famílias, 15 pessoas que trabalham diretamente no projeto. “O projeto café tem trazido uma grande renda familiar, onde também na época da colheita do café, 70%  é retirado para a renda da comunidade e 20% é dividido entre as famílias.  Dentro do nosso projeto café, a gente já tem uma pequena estrutura com o recurso através do PGTA. Tudo que aprendemos no seminário vamos colocar na prática, de como melhorar a produção do nosso café e como podemos trabalhar, ampliar e melhorar a produção, a fim de  que a gente possa ter uma boa produção, poder estar mostrando o nosso potencial e a qualidade do nosso café Kuinan. Então, fica aqui os nossos agradecimentos”.

No último dia, o encontro contou com a participação dos órgãos como: a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), SEAP, Instituto Insikiram, Agência de Defesa Agropecuária (ADERR), Secretaria de Agricultura, que esclareceram sobre a certificação do café, o trabalho que é todo artesanal, pois é fundamental agregar valor no histórico do café da mangueira.