Em Assembleia histórica do CIR, feira orgânica demonstrou potencial de produção sustentável das comunidades indígenas em Roraima
A 52° Assembleia Geral dos povos indígenas de Roraima, realizada entre os dias 11 a 14 de março, pelo Conselho Indígena de Roraima (CIR), com o tema: “*Proteção Territorial, Meio Ambiente e Sustentabilidade*”, mobilizou mais de 3 mil pessoas, no Centro Regional Lago Caracaranã, região Raposa, Terra Indígena Raposa Serra do Sol, município de Normandia.
Durante a ocasião, uma feira de produção indígena, resultado da implementação dos *Planos de Gestão Territorial e Ambiental das Terras Indígenas (PGTA) em Roraima* movimentou o evento, com uma demonstração das produções agrícolas das comunidades das Terras Indígenas Manoá-Pium, Serra da Moça, Aningal, Baixo Cotingo , Boqueirão, Mangueira e do Centro Maturuca e Polo Base Santa Cruz, ambos na TI Raposa Serra do Sol.
“A feira representou a exposição das comunidades que estão implementando os PGTA’s. São oito Planos de Gestão Territorial e Ambiental, que tiveram atividades implementadas pelo projeto Bem Viver. Então essa feira demonstrou a riqueza e o potencial da produção nas comunidades e também a importância dos PGTAs no planejamento das atividades no nível local, como uma voz ecoada pelas comunidades”, conta Ney Maciel, Assessor do Programa Povos Indígenas (PPI) do IEB.
O evento foi um momento histórico para os povos indígenas de Roraima, que contaram, pela primeira vez, com a presença de um presidente da república em uma assembleia. Luiz Inácio Lula da Silva, que, junto com a Ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e a Presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI), Joênia Wapichana, visitaram a feira de produção orgânica acompanhados por Sineia do Vale Wapichana, Coordenadora do Departamento de Gestão Territorial e Ambiental do Conselho Indígena de Roraima (CIR) e dos produtores indígenas.
“Essa feira que eu acabei de visitar é uma demonstração de que na medida que vocês têm oportunidade, garantida a terra e o incentivo financeiro para produzirem, possivelmente vocês produzirão igual ou melhor do qualquer outra pessoa que tenta tirar o sustento da terra”, disse Lula, sinalizando futuros investimentos nas produções sustentáveis indígenas.
“A feira foi um exemplo concreto que através das parcerias conseguimos implantar diversas ações, com apoio do IEB, NCI e da USAID. Assim, implementamos diversas atividades na agricultura e piscicultura, que trazem resultados positivos para as comunidades e que demonstram também que com pequenos incentivos é possível fazer uma produção envolvendo as comunidades tradicionais”, comentou Jéssica Maria, do povo Wapichana, Assessora do Departamento de Gestão Territorial e Ambiental do CIR.
PGTAs: planos de vida
Os PGTAs são um instrumento para os povos indígenas protegerem e desenvolverem suas atividades nos territórios, de forma sustentável e autodeterminada, permitindo que os povos materializem as suas propostas a partir de seus valores culturais e de sua organização social e política.
“É o que a gente consegue absorver, a forma como os povos indígenas veem os territórios. Primeiro eles conseguem ver o que têm de bom, quais problemas enfrentam e conseguem trazer isso em forma de documento para que possamos dar um norte nas questões de desenvolvimento, sustentabilidade e proteção. Então, o PGTA acaba sendo um plano de vida para o território, um planejamento de como queremos fazer a gestão desse território. O PGTA representa tudo aquilo que planejamos e vemos, tudo isso transformado em documento”, destaca o engenheiro agrônomo, Giofan Erasmo Mandulão, do povo Macuxi.