Em Assembleia histórica do CIR, feira orgânica demonstrou potencial de produção sustentável das comunidades indígenas em Roraima

  março 22, 2023

A 52° Assembleia Geral dos povos indígenas de Roraima, realizada entre os dias 11 a 14 de março, pelo Conselho Indígena de Roraima (CIR), com o tema: “*Proteção Territorial, Meio Ambiente e Sustentabilidade*”, mobilizou mais de 3 mil pessoas, no Centro Regional Lago Caracaranã, região Raposa, Terra Indígena Raposa Serra do Sol, município de Normandia.

Durante a ocasião, uma feira de produção indígena, resultado da implementação dos *Planos de Gestão Territorial e Ambiental das Terras Indígenas (PGTA) em Roraima* movimentou o evento, com uma demonstração das produções agrícolas das comunidades das Terras Indígenas Manoá-Pium, Serra da Moça, Aningal, Baixo Cotingo , Boqueirão, Mangueira e do Centro Maturuca e Polo Base Santa Cruz, ambos na TI Raposa Serra do Sol. 

“A feira representou a exposição das comunidades que estão implementando os PGTA’s. São oito Planos de Gestão Territorial e Ambiental, que tiveram atividades implementadas pelo projeto Bem Viver. Então essa feira demonstrou a riqueza e o potencial da produção nas comunidades e também a importância dos PGTAs no planejamento das atividades no nível local, como uma voz ecoada pelas comunidades”, conta Ney Maciel, Assessor do Programa Povos Indígenas (PPI) do IEB.

O evento foi um momento histórico para os povos indígenas de Roraima, que contaram, pela primeira vez, com a presença de um presidente da república em uma assembleia. Luiz Inácio Lula da Silva, que, junto com a Ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e a Presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI), Joênia Wapichana, visitaram a feira de produção orgânica acompanhados por Sineia do Vale Wapichana, Coordenadora do Departamento de Gestão Territorial e Ambiental do Conselho Indígena de Roraima (CIR) e dos produtores indígenas. 

Essa feira que eu acabei de visitar é uma demonstração de que na medida que vocês têm oportunidade, garantida a terra e o incentivo financeiro para produzirem, possivelmente vocês produzirão igual ou melhor do qualquer outra pessoa que tenta tirar o sustento da terra”, disse Lula, sinalizando futuros investimentos nas produções sustentáveis indígenas.

A feira foi um exemplo concreto que através das parcerias conseguimos implantar diversas ações, com apoio do IEB, NCI e da USAID. Assim, implementamos diversas atividades na agricultura e piscicultura, que trazem resultados positivos para as comunidades e que demonstram também que com pequenos incentivos é possível fazer uma produção envolvendo as comunidades tradicionais”, comentou Jéssica Maria, do povo Wapichana, Assessora do Departamento de Gestão Territorial e Ambiental do CIR.

PGTAs: planos de vida

Os PGTAs são um instrumento para os povos indígenas protegerem e desenvolverem suas atividades nos territórios, de forma sustentável e autodeterminada, permitindo que os povos materializem as suas propostas a partir de seus valores culturais e de sua organização social e política.

É o que a gente consegue absorver, a forma como os povos indígenas veem os territórios. Primeiro eles conseguem ver o que têm de bom, quais problemas enfrentam e conseguem trazer isso em forma de documento para que possamos dar um norte nas questões de desenvolvimento, sustentabilidade e proteção. Então, o PGTA acaba sendo um plano de vida para o território, um planejamento de como queremos fazer a gestão desse território. O PGTA representa tudo aquilo que planejamos e vemos, tudo isso transformado em documento”, destaca o engenheiro agrônomo, Giofan Erasmo Mandulão, do povo Macuxi.