Amapá: Programa de Formação em Gênero, Economia e Sustentabilidade é concluído após oito encontros virtuais

  fevereiro 10, 2021
Print do oitavo Encontro Virtual Formativo do programa

“Conhecendo nossos direitos, a gente se empodera enquanto mulher. Queremos ser protagonistas nas nossas histórias de vida”, declarou Gerciane Borges, da comunidade São Tomé, no território Beira Amazonas, (AP), no último encontro virtual do Programa de Formação em Gênero, Economia e Sustentabilidade, realizado em 29 de janeiro. O Programa é uma ação do Projeto Mulheres e Cadeias Produtivas no Amapá, desenvolvido pelo Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) nos territórios do Beira Amazonas, que abrange os municípios de Itaubal e Macapá, e Bailique, em Macapá.

O Projeto tem o objetivo de contribuir para o protagonismo de mulheres e jovens em cadeias de valor da sociobiodiversidade, para que se constituam ativamente na implementação de estratégias de desenvolvimento territorial com base na sustentabilidade.

O Programa de Formação em Gênero buscou ampliar o conhecimento e a atuação de mulheres sobre o tema de gênero, economia e sustentabilidade, de forma a subsidiar sua ação protagonista na perspectiva da inclusão socioeconômica.

As organizações de base comunitária, como Associação da Escola Família do Macacoari (AEFAM), Associação Agrobacaba, Cooperativa Amazonbai, Grupo de Mulheres Extratoras de Óleos Pracaxi, Grupo de Mulheres da Cozinha Coletiva do Beira Amazonas foram parceiras importantes para realização do programa, além das parcerias institucionais com a Embrapa, a Secretaria de Políticas para as Mulheres do Estado do Amapá e a Pró-Reitoria de Extensão da Universidade do Estado do Amapá.

Atividades virtuais e apagões no Amapá – Inicialmente, o programa foi idealizado com três círculos formativos presenciais, que seriam realizados no primeiro semestre de 2020. Contudo, devido à pandemia de covid-19, teve de ser adaptado para o formato virtual. Foi necessário adaptar a metodologia da formação para plataformas de conferências on line, além de treinamento prévio para algumas mulheres utilizarem as ferramentas virtuais. Em algumas comunidades, elas se reuniam em grupos de até sete, nos pontos de internet disponíveis. Assim, oito Encontros Virtuais Formativos (EV) foram realizados por meio plataforma Google Meets.

Mulheres da Comunidade Foz do Macacoari reunidas para Encontro Virtual Formativo. Foto: Gabrielle Corrêa

Outra adversidade desafiou a realização da programação: o apagão de energia elétrica, que ocorreu no Amapá em novembro de 2020. O curso foi adiado, mas concluído em janeiro de 2021.

Apesar das dificuldades, as inscritas se empenharam para garantir participação. “Nesse tempo de ‘inverno amazônico’ fica mais difícil, porque quando chove, a internet fica lenta, a gente sai automaticamente do aplicativo Meets, é uma dificuldade pra voltar. E quando falta energia, não tem mesmo como participar. Mas a gente ia enfrentando os desafios. Quando ia chegando a data dos encontros virtuais, a gente rezava, cruzando os dedos pra energia não ir embora”, relembra Gerciane.

Ponto de conexão da Comunidade de Limão do Curuá, no Arquipélago do Bailique, em um dos Encontros Virtuais. Foto: Claudiane Barbosa

Dinâmicas e resultados – Após cada EV as participantes realizavam uma atividade de campo, orientadas por um texto base, de modo a refletirem coletivamente sobre os conteúdos trabalhados, sempre em diálogo com convidadas externas.

O conteúdo dos EV’s foi elaborado pela equipe do IEB e as discussões contaram com a participação de pesquisadoras da Universidade Federal do Pará (UFPa) e Embrapa, além de sindicalistas da Central Única dos Trabalhadores (CUT). As atividades também contaram com a troca de experiências entre líderes de associações de base comunitária, redes da economia solidária e de movimentos feministas do Pará e Amapá.

A participação variou entre 12 a 18 pontos de conexão na live, com 30 mulheres, em média, participando. Ao todo, 25 concluíram o curso, entre elas, Gerciane, que faz parte da Cozinha Coletiva do Beira Amazonas. Essa troca, a gente vai pôr em prática nos nossos projetos, nas nossas oficinas, nossos movimentos”, disse.

Com a realização do Programa de Formação em Gênero, Economia e Sustentabilidade, no Amapá, o IEB soma mais uma experiência no fortalecimento de mulheres como protagonistas da defesa do território e do bem viver. “A despeito de todas as dificuldades relativas ao sinal de internet, apagões de energia elétrica diários na região ribeirinha e ao apagão que houve em todo o estado, avaliamos como muito positiva essa experiência com o Programa de Formação. Foi um sucesso! As mulheres tiveram uma participação muito ativa!”, comemora Ruth Corrêa, analista socioambiental do IEB.

Próximos passos – O programa integra um conjunto de ações para a inclusão socioprodutiva das mulheres em processos econômicos nos territórios de atuação do projeto. O Projeto Mulheres e Cadeias Produtivas no Amapá seguirá com ações de apoio na consolidação de duas estratégias: a estruturação da cozinha coletiva para a produção de alimentos semiprocessados a partir da matéria prima da floresta; o apoio organizacional ao grupo de mulheres extratoras de óleo pracaxi, que estão em processo de criação da Casa do Óleo.